quarta-feira, 22 de abril de 2015

Temporada Primavera 2015 - Primeiras Impressões pt2


Continuação deste post.
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Hibike! Euphonium


Gêneros: Musical, Escolar, Slice of Life.
Fonte: Light Novel.
Estúdio: Kyoto Animation.
Diretor: Tatsuya Ashihara.

Tudo começa quando Kumiko Oumae, uma garota que fazia parte da banda de metais de sua escola anterior, visita o clube de metais da escola nova como aluna do primeiro ano do ensino médio. Hazuki e Sapphire, colegas de classe de Kumiko, decidem entrar nesse clube, mas ao ver Reina lá, Kumiko hesita. Ela se lembra de um incidente que teve com Reina no concurso de bandas na escola anterior…


Um anime simples, bonito e singelo. A arte e animação são bem feitas e a trilha sonora é muito boa - como é de se esperar em um anime sobre música. Algumas das personagens que foram introduzidas são ligeiramente exageradas e cartunescas em suas reações, mas a protagonista em si é bastante crível e carismática. Em especial, o que me causou uma impressão positiva do anime foi o ritmo calmo e bem cadenciado.

Não é um anime para todos (imagino que algumas pessoas achariam chato ou desinteressante), mas certamente é bem executado.
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Dungeon ni Deai o Motomeru no wa Machigatteiru Darou ka?


Gêneros: Ação, Aventura, Comédia, Fantasia, Romance.
Fonte: Light Novel.
Estúdio: J.C. Staff.
Diretor: Yoshiki Yamakawa.

A história se passa na cidade de labirintos Orario, também conhecida como “Dungeon”. Bell Cranel é um aventureiro novato que sonha em ter “um fatídico encontro com uma pessoa do sexo oposto”. Um dia, durante uma missão, ele é atacado por um minotauro! Prestes a morrer, ele é salvo por uma aventureira de classe superior chamada Aizu Wallenstein. Cranel se apaixona por ela no mesmo instante e parte para uma jornada a fim de se tornar um aventureiro do mesmo nível dela. Ele então conhece Hestia, uma divindade conhecida como “Deusa Lolita” por causa de sua baixa estatura e que, fatidicamente, se apaixona por Cranel.


Um anime bonito, que me lembrou bastante meu querido jogo RagnaröK, tanto em design de personagens quanto na construção do mundo de fantasia. Eu realmente queria gostar, mas a narrativa me deu dor no pâncreas. É muito clichê empilhado: o protagonista é um panaca que quer ficar mais forte para conquistar uma garota, e todos os outros personagens introduzidos são garotas que correspondem aos diferentes estereótipos do gênero harém. A pior é justamente a que mais aparece, uma lolita insuportavelmente irritante.

Além da falta de originalidade e dos clichês, a narrativa em si é mal executada. Em um momento importante do episódio, um personagem cria um diálogo completamente inverossímil e sem sentido, só porque o roteiro precisa fabricar de alguma maneira uma emoção no protagonista.

O anime é simpático, mas vacila. Não consegui  gostar.
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Plastic Memories


Gêneros: Ficção Científica.
Fonte: Original.
Estúdio: Dogo Kobo.
Diretor: Yoshiwaki Fujiwara.

Esta história se passa em um futuro não muito distante de agora, quando androides com perfeita aparência humana começam a se espalhar pela face da Terra. A fabricante de androides AS Corp. faz Giftia, um novo tipo de androide totalmente inovador e superior aos antigos e que possui uma quantidade maior de emoções e qualidades semelhantes às humanas. No entanto, esses novos androides têm uma vida útil e uma vez que esta acabe, eles ficam… um tanto quanto ruins. Por esta razão a SA Corp criou também um serviço terminar para recuperar os androides de modelo Giftia com a vida útil já esgotada. É quando um novo funcionário, Tsukasa Mizugaki, forma uma equipe encarregada de recuperar esses androides, mas…


A premissa de ficção científica é muito interessante, mas podia ter sido um pouco melhor executada. Os personagens são clichê e cartunescos, e seu design é ridiculamente exagerado. Apesar de ter seus momentos engraçados, a temática teria funcionado bem melhor com um clima mais sério.

Mas a premissa é realmente boa. E, no final do primeiro episódio, eles provam que podem tratar o assunto com a dramaticidade que ele merece. Então talvez valha a pena assistir, apesar dos pesares.
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Kekkai Sensen


Gêneros: Ação, Aventura, Fantasia, Sobrenatural, Vampirismo.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Bones.
Diretor: Rie Matsumoto.

Uma ruptura entre Terra e Submundo foi aberta sobre a cidade de Nova York, prendendo os habitantes da cidade e também as criaturas de outras dimensões em uma bolha impenetrável. Eles vivem juntos por anos, em um mundo de crimes e loucura. Mas agora alguém ameaça romper essa bolha um grupo de super-humanos cheio de estilo e força vai trabalhar duro para que isso não aconteça.


Os aspectos técnicos são muito bem feitos - especialmente a trilha sonora, mas animação e design de cenário não ficam atrás. O problema é o resto. Os personagens mal foram introduzidos e as regras da trama são confusas e não foram explicadas. A impressão final é de um anime genérico, com personagens genéricos usando poderes com nomes genéricos.
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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Temporada Primavera 2015 - Primeiras Impressões pt1


A Primavera chegou ao Japão. Se para eles esta época do ano tem uma série de significados centenários (flores de cerejeira e tudo o mais), para mim significa uma coisa: uma nova safra de animes recém saídos do forno para eu assistir e analisar.
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Arslan Senki


Gêneros: Ação, Aventura.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Liden Films.
Diretor: Noriyuki Abe.

A cidade imperial de Ecbatana é o centro que liga o leste ao oeste, o lugar para onde vão as pessoas e materiais de todas as regiões, a detentora de uma magnífica e rica cultura, a capital do poderoso Reino de Pars.

Arslan é o jovem príncipe que está destinado a governar este país, a liderar o seu povo, e parte com sua honorável cavalaria para a frente da batalha, formando uma nuvem de poeira no horizonte. Enquanto isso, Lusitania, o país pobre e de ideais religiosos diferentes localizado no noroeste, também parte para a guerra a fim de conquistar novas terras e tomar para si a fartura de Pars.

Pela primeira vez nas linhas de frente, Arslan está inseguro e teme, mas seu mundo desaba de fato quando seu invencível pai, o rei Andragolas III, e suas tropas acabam sendo subjugadas pela estratégia inimiga.

Arslan e o nobre cavaleiro Darun partem então para a batalha, rumo ao cruel destino. E entre a tormenta de uma nova realidade, Arslan dá seu primeiro passo como príncipe, sempre acompanhado de seus leais companheiros.


O que promete ser um épico medieval nos moldes clássicos, este anime é baseado em um mangá, adaptado a partir de uma série de livros por ninguém menos que a grande mangaká Hiromu Arakawa, autora de Fullmetal Alchemist. Só por esse nome, já vale a pena dar uma conferida.

Nos aspectos técnicos, é um anime de qualidade. O design de personagens tem as marcas claras da mão da Arakawa, o que ao meu ver é uma qualidade, embora acabe me fazendo lembrar de FMA e Hero Tales de vez em quando. O design das locações é especialmente bom, conseguindo evocar ares árabes, mas com uma identidade própria. Só a animação é mediana, e em alguns momentos utiliza um CGI gratuito e mal feito.

Em termos de história, o primeiro episódio foi apenas de apresentações. Há uma narração inicial, mas durante o resto do episódio o cenário é apresentado de forma bastante natural, sem diálogos expositivos forçados (o que é um alívio em se tratando de animes). O mesmo vale para os personagens, introduzidos bastante espontaneamente. O enredo em si foi apenas levemente arranhado, mas parece que vai incluir a temática de choque cultural; o que, se bem trabalhado, é bem interessante.

Se o anime continuar evitando diálogos expositivos baratos, já é meio caminho andado para eu gostar.
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Triage X


Gêneros: Ação, Escolar.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Xebec.
Diretor: Takao Kato.

O Hospital Geral Mochizuki tem as mais bem preparadas (e turbinadas) enfermeiras da cidade. Embora essas moças passem a maior parte do dia lutando contra doenças, todo seu tempo fora do trabalho também é gasto dessa forma, lutando contra um tipo diferente de doença… Sob a liderança da diretoria do hospital, muitos membros da equipe médica e adolescentes da região formam um grupo de assassinos mercenários que têm como alvo aqueles que fazem mal à sociedade, as pessoas que espalham sua maldade como um câncer por entre os homens.


Decidi conferir este anime só porque o mangá de origem está sendo publicado aqui no Brasil pela Panini, e eu estou colecionando. É uma espécie de guilty pleasure meu; um mangá de ação "idiota" e com pouca profundidade, mas que o autor (Shouji Sato, ilustrador de Highschool of the Dead) recheia de mulheres, armas de fogo e motocicletas. Três coisas que eu adoro.


Quanto ao anime em si, é uma adaptação fiel, apenas levemente suavizada, do mangá. A animação é barata, os demais aspectos técnicos também não são especialmente primorosos. O anime é válido para quem gosta de ação desenfreada, salpicada de ecchi. Mas não passa disso.

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Ore Monogatari




Gêneros: Comédia, Romance, Shoujo.

Fonte: Mangá.
Estúdio: Madhouse.
Diretor: Morio Asaka.

Takeo Gouda é um cara enorme com coração igualmente gigante. Mas nenhuma garota quer saber dele (quem elas querem é seu melhor amigo, o bonitão Sunakawa). Acostumado a ser deixado de lado, Takeo simplesmente aceita seu destino. Até que, um dia, quando ele salva uma garota chamada Yamato de um desses tarados num trem, sua vida (amorosa!) toma um rumo inacreditável!


Toda temporada tem no mínimo um bom anime de romance para eu assistir até o fim, e agora parece que será esse. Me cativou desde a sinopse.

Nos aspectos técnicos, é um anime bem feito, mas que não se destaca; a única coisa que chama atenção é o design de personagem do protagonista. Já a narrativa é excelente, com a premissa básica de ter um protagonista completamente diferente dos protagonistas de romance normais. Como o primeiro episódio apresentou apenas três personagens, eles puderam receber foco total e ser muito bem introduzidos. Os três são carismáticos - até mesmo o amigo do protagonista, que é um clichê japonês de "garoto atraente que está sempre sério e dispensa as garotas". Mas é o protagonista em si, Takeo, que rouba a cena, como não poderia deixar de ser.

O anime fala essencialmente sobre preconceito e sobre uma pessoa que não se encaixa nos padrões de beleza e atração da sociedade. Além disso, conseguiu já no primeiro episódio abordar uma das questões clássicas ligadas ao machismo. Altas expectativas para Ore Monogatari.
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Kyoukai no Rinne



Gêneros: Comédia, Romance, Escolar, Shounen, Sobrenatural.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Brains Base.
Diretor: Seiki Sugawa.

Quando criança Sakura Mamiya desapareceu misteriosamente na floresta atrás da casa de sua avó. Ela volta sã e salva, mas desde então ela passa enxergar espíritos. Agora adolescente, Sakura só quer que os espíritos a deixem em paz! Na escola, o lugar ao lado do de Sakura está vazio desde o início do ano letivo. Até que, certo dia, o dono desse lugar finalmente aparece na escola, mas Rinne Rokudo é bem mais do que aparenta ser.


Confesso que não esperava nada deste anime, e só resolvi conferir porque o mangá original é de autoria da Rumiko Takahashi, autora de Ranma e Inu Yasha. Mas ele acabou sendo melhor do que eu imaginava, com um humor bastante suave e personagens carismáticos.

Não sei se continuarei assistindo, porque já assisti muitos animes parecidos, e já estou enjoado deste gênero. Mas, para quem quiser um anime leve, com ação e humor, este é um dos melhores que vi ultimamente.
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Punch Line




Gêneros: Comédia, Slice of life.

Fonte: Original.
Estúdio: Mappa.
Diretor: Yutaka Uemura.

O colegial Yuuta Iridatsu sofreu uma “projeção astral”, ou seja, teve sua alma separada de seu corpo. Ao acordar em uma mansão chamada Koraikan, ele encontra o espírito de um gato chamado Chiranosuke, que diz que ele deve encontrar o Tome Sagrado de Koraikan para voltar ao seu corpo físico. Procurando pelos corredores de Koraikan, Yuuta acaba esbarrando com as calcinhas das moradoras da mansão, fato que pode causar um grande problema ao planeta Terra.


À primeira vista, parece um anime de ação intensa bastante colorido, buscando o público carente de Kill la Kill e Tengen Toppa Gurren Lagann. Mas, na verdade, é uma comédia transbordando de ecchi, com apenas uma cena de ação (razoável) no início.

Eu tinha boas esperanças quanto a este anime, principalmente por causa da estética. E os aspectos técnicos realmente não desapontam. O (grande) problema é a narrativa. Depois de uma primeira cena interessante, o primeiro episódio derramou uma tonelada de informação diferente, tudo através da boca de um personagem-diálogo-expositivo, a técnica mais velha e barata na cartilha. E, mesmo sendo EXTREMAMENTE expositivo, não dá para entender nada.

Resumindo: uma salada de elementos mal amarrados - poderes extraídos do ecchi (cópia de Kenzen Robo Daimidaler?), fantasmas, livro místico, heroína secreta - muito mal explicados e com um ritmo ruim. Ao menos a "capa" é bonita.
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Vou encerrar este primeiro post por aqui, mas já tenho mais algumas estreias para assistir e analisar em breve.

Edit: Parte 2 aqui.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A Música e a Construção da Juventude


Como vários de meus outros textos, este surgiu como um trabalho de faculdade; neste caso, da disciplina de Psicologia da Educação. O trabalho proposto era em grupo, de tema livre, e com o objetivo de relacionar psicologia e juventude. Meu grupo decidiu fazer um recorte ao redor do tema música, então eu tomei para mim a função de escrever um pequeno artigo mais geral, relacionando os conceitos de música, juventude e psicologia; dando aos outros membros liberdade para escolher recortes mais específicos.

Fazendo uma releitura do trabalho agora, percebi que acabei tendo que usar um linguajar ligeiramente rebuscado em alguns pontos. Mas irei reescrever; ao invés disso, se algum leitor achar algo difícil e confuso, terei o maior prazer de explicar e clarificar nos comentários ou redes sociais. Acho este método mais didático.

Sem mais delongas, o artigo em si:
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1. Introdução 

O presente artigo tem como objetivo abordar, de forma sucinta, a relação entre a música e a construção da categoria social chamada juventude. Pretendo cobrir dois olhares: um mais geral, sobre o fenômeno psicológico da adolescência em todas as gerações, e um exemplo específico, do momento histórico em que esta categoria social ganhou reconhecimento na cultura de massa ocidental. Vou ainda refletir brevemente sobre por que a música tem um suposto protagonismo na formação da identidade dos jovens. 


2. Definições de Juventude 

Seria impossível cobrir aqui todas as problemáticas e discussões acadêmicas a respeito da juventude – como, por exemplo, a oposição entre a adolescência como um período de maturação das relações sociais (Helena Abramo), e a visão de Dayrell, que enxerga esta fase como um momento de construção (não maturação), mais profunda que um simples “fase de passagem”. 

Vou começar, então, focando em uma problemática específica: a juventude seria - como afirma a maior parte da psicologia – uma categoria natural, posteriormente classificada; ou - como defende uma grande parcela dos historiadores – uma categoria socialmente construída pela cultura de massa e pelo mercado? 

Começo esta discussão com uma citação ilustrativa: 

“Nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, caçoa da autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem a seus pais e são simplesmente maus.” 

Sócrates, século V aC.


Com o perdão dos colegas historiadores, me parece evidente (não apenas por esta citação ilustrativa, mas também por exemplos mais concretos) que o choque cultural entre gerações é um fenômeno social antigo e sempre presente, até arquetípico (seguindo a teoria de arquétipos de Jung). E este choque pressupõe a existência de (ao menos) duas categorias sociais distintas e agrupadas etariamente, assim adultos e jovens.

Trabalho então com a seguinte definição de juventude: uma categoria social, etariamente agrupada, criada pelo impacto social das transformações biológicas ocorridas durante a puberdade, e parte de um longo processo de construção de identidade.


3. O Surgimento Histórico da Juventude

Se os anseios e descontentamentos dos jovens parecem ser tão antigos quanto a própria civilização, o reconhecimento destes como um grupo próprio é recente e bem documentado. Até fins do século XIX e início do século XX, esperava-se que o indivíduo passasse diretamente da infância para a vida adulta, já com todas as suas expectativas e responsabilidades; no caso das garotas, com a primeira menstruação, e no caso dos garotos, com ritos de passagem, como o bar mitzva judeu e a crisma católica.

Apenas em 1898, o termo adolescent (que deu origem ao português adolescente, mas poderia ter sido traduzido como adultescente, alguém que está virando adulto) foi cunhado pelo psiquiatra norte-americano Granville Stanley Hall. No entanto, os usos do termo e do conceito ficaram quase restritos aos psicólogos durante as primeiras décadas do século XX. As exceções foram os movimentos militarizantes da juventude - como o escotismo, criado pelo tenente veterano inglês Robert Baden-Powell em 1908 e a Juventude Hitlerista da Alemanha Nazista.

Mas foi nos Estados Unidos pós Segunda Guerra que a juventude ganhou a cultura de massa. Com o boom econômico vivido pelos EUA neste momento, os jovens começaram a ocupar as fartas vagas de emprego oferecidas e a ter poder aquisitivo próprio. Uma consequência foi a maior independência deles de seus pais, o que acirrou o choque de gerações. Outra foi que a indústria do entretenimento enxergou nesta nova categoria um novo mercado consumidor, e inundou o mercado cultural com produtos direcionados a este público.

Em 1947 foi lançada para o público jovem feminino a revista Seventeen, que cunhou o termo teen (até hoje o termo mais comum para designar adolescentes em língua inglesa) a partir da terminação dos nomes dos números 13 a 19 em inglês. Em 1951 foi publicado o polêmico romance Apanhador no Campo de Centeio (Catcher in the Rye), de J D Salinger; primeiro best-seller com um protagonista adolescente. Atores como Marlon Brando (Um Bonde Chamado Desejo, 1951, e O Selvagem, 1953) e James Dean (Juventude Transviada, 1955) representaram este movimento no cinema. Na moda, a camiseta (até então considerada roupa de baixo) e a calça jeans (associada aos cowboys e operários) se tornaram o uniforme da juventude.

Mas nenhuma manifestação cultural marcou tanto a emergente identidade jovem quanto o Rock n’ Roll. Artistas como Bill Haley, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Chuck Berry, Bo Diddley, Little Richard e Elvis Presley criaram um gênero musical que levou o embalo dos artistas negros para os jovens brancos de classe média – e que era um gosto, mais que todos os outros, exclusivo dos jovens.


4. O Protagonismo Musica

Por que é seguro afirmar que a música teve um protagonismo na criação da identidade jovem, frente às outras manifestações culturais? Os números do mercado da época nos permitem afirmar isso com facilidade, mas vale gastar um tempo tentando entender os motivos por trás disso.

Primeiramente e mais óbvio, a enorme acessibilidade da música, em uma época em que, apesar da televisão estar começando a se popularizar, o rádio ainda ocupava lugar central dentro das residências e estabelecimentos comerciais. Soma-se a isso o fato de que as pessoas em geral consideram mais fácil e cômodo escutar que ler.

Mas existem causas cognitivas, mais complexas, que explicam o alto poder de mensagem da música. A música transmite mensagem tanto de formas verbais quanto não-verbais. Mecanismos narrativos como a rima, o cadenciamento e a repetição (refrão) são antigos e auxiliam a memorização e a repetição da letra, o componente verbal. Já o ritmo - além de facilmente memoriável e reproduzível - é o mecanismo que une a comunicação verbal da letra, a não-verbal da melodia e a não-verbal da expressão corporal (através da dança, por exemplo mas não exclusivamente).

Ou seja, são muitas formas de comunicação diferentes e todas muito acessíveis contidas em uma simples canção, o que dá a música seu alto poder de mensagem.


5. Conclusão

Ainda que “inventada” racionalmente dentro de um contexto histórico bastante específico, a juventude é e sempre foi uma categoria social inserida no desenvolvimento do indivíduo, e que por excelência tende a colocá-lo em conflito com as gerações anteriores. Se este conflito é uma mensagem, nenhuma mídia tem mais poder para propagá-la que a música.

Do ponto de vista da Psicologia da Educação, compreender o papel da música na identidade do jovem pode ajudar o professor a se aproximar dele, o que facilita a comunicação entre estes dois indivíduos que fazem parte de grupos bem distintos.


6. Bibliografia

MED, Bohumil – Teoria da Música.

MOREIRA, Jacqueline; ROSÁRIO, Ângela; SANTOS, Alessandro - Juventude e adolescência: considerações preliminares. – 2011.

MOURA, Auro Sanson – Música e Construção de Identidade na Juventude: O jovem, suas músicas e relações sociais. – 2009.

OLIVEIRA, Vilmar Pereira de – A Influência do Gosto Musical no Processo de Construção de Identidade na Juventude. – 2012.

SAVAGE, Jon - Teenage: The Creation of Youth Culture. – 2007.