sábado, 4 de julho de 2015

Profissão AVENTURA - Piloto


Para entender do que se trata e ler a sinopse, clique aqui.
----------

Esteban se afastou dos outros meninos pisando firme, apesar de seus pés afundarem e derraparem no terreno lamacento. Estava irritado. Furioso, para falar a verdade. Primeiro, eles haviam tentado deixá-lo para trás naquela caminhada até o brejo. Agora, zombavam abertamente dele. Disseram que ele não conseguiria pegar sequer um sapo, nem se o bicho dançasse sobre a cabeça dele. E a única resposta que ele conseguiu dar foi um desajeitado “sapos não dançam”.

Mas ele mostraria àqueles invejosos. Ia fazer o que nenhum deles tivera coragem de fazer: desobedecer aos adultos, se afastar da margem e ir até o meio do brejo. Com certeza havia muito mais sapos lá. Centenas deles, pulando para cima e para baixo. Ia voltar com um saco transbordando de sapos, e esfregar na cara dos outros. Eles iam ter que engolir suas palavras.

Com a cabeça quente demais para efetivamente procurar por qualquer coisa, Esteban decidiu simplesmente continuar andando por alguns minutos, que logo se transformaram em meia hora. Ou uma hora inteira. Estava ensaiando pela décima vez o que falaria frente os rostos de admiração dos outros quando se deu conta que estava pisando em terreno seco. Mas não parecia ser o final do brejo, apenas um pedaço mais elevado, como uma ilha. Havia uma árvore crescendo ali, e algumas rochas grandes. Seria o local perfeito de onde partir para procurar os sapos ao redor.

Explorando sua nova base secreta particular, Esteban encontrou uma grande fenda no chão, e foi imediatamente atraído por ela. Não saberia explicar o porquê, mas aquela fenda varreu todos os pensamentos sobre os sapos ou os outros garotos de sua cabeça. Deitou-se de barriga no chão, tentando espiar lá dentro, mas não era possível ver muita coisa no meio das sombras. Perdeu noção de quanto tempo passou ali, preso entre a vontade e o medo de descer.

Até que outra coisa decidiu por ele. A terra sob seu corpo se soltou, e ele se sentiu escorregar para dentro do buraco. No momento seguinte, estava estatelado de costas lá no fundo. Todo o ar foi expelido de seus pulmões e sua cabeça atingiu o chão, fazendo-o enxergar luzes e borrões coloridos na frente dos olhos. Tentou gritar, mas só conseguiu emitir um gemido baixo.

Apavorado, Esteban escutou um zumbido agudo ecoando à sua direita. Virando a cabeça com toda a dificuldade do mundo, viu um túnel escavado artificialmente a partir do fundo daquela fenda natural. Não sabia se era uma peça pregada por sua cabeça – que doía como se houvesse sido acertada por uma martelada – mas pensou ter visto uma sombra se movendo no final daquele túnel.

-----------------------------------
-----------------------------------

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Profissão Aventura - Sinopse



Profissão AVENTURA é um projeto de escrita que já habita minha mente e minhas ideias há um bom tempo, mas que venho adiando consecutivas vezes, tanto por preguiça quanto por medo de fazer um mau trabalho. A ideia é simples: contos de fantasia sequenciados, nos quais um grupo de aventureiros viaja livremente, enfrentando perigos e desafios de origem mágica ou sobrenatural. Tudo ao melhor sabor dos RPGs clássicos.

Para acrescentar novos temperos a este sabor familiar, resolvi deixar a Fantasia Medieval (palco da maioria das histórias do tipo) para trás e trazer as narrativas para nosso próprio continente, situando as aventuras em uma versão fictícia e fantástica do Novo Mundo durante a Era das Grandes Navegações.

Sem mais delongas (porque, afinal, já delonguei até demais), segue abaixo um prólogo, com a apresentação do cenário.
----------

Houve um tempo em que as terras selvagens eram vastas e perigosas, infestadas por toda a sorte de monstros e demônios. Um tempo em que viajar de uma cidade à outra era um grande perigo, e em que vilas inteiras podiam ser subitamente acometidas por pragas e maldições.

Naquela época, uma ocupação nada ortodoxa floresceu: a de aventureiros. Bandos de desesperados, desajustados e inconsequentes de modo geral, que formavam pequenos grupos para viajar livremente pelos reinos, enfrentando perigos indescritíveis em troca de fortuna e renome. Um estilo de vida como nenhum outro; desprezado pela nobreza e pelo clero, porém idolatrado pelo povo. E necessário.

Isto é, até os reis começarem a unificar sua autoridade, crescer em poder e se tornar capazes de garantir a segurança dentro de suas fronteiras. Os problemáticos aventureiros foram substituídos por tropas bem treinadas e disciplinadas de guerreiros, magos e clérigos, que praticamente extinguiram os monstros. A profissão de aventureiro foi oficialmente proibida em um reino após o outro, e chegou à beira da extinção. Até ser salva por uma reviravolta do destino.

Navegantes e exploradores a serviço do Império Luso encontraram, quase que por acidente, um Novo Mundo; novas terras a oeste do oceano, com flora e fauna exóticas, além de povos humanos igualmente desconhecidas. Logo milhares de colonos cruzaram os mares para explorar e cultivar estas novas terras, estabelecendo fazendas, vilas e cidades. Como o continente ainda não fora oficialmente batizado, os colonos o chamavam simplesmente de nova terra, até que as palavras foram se embolando com o uso e deram origem ao nome Nov'erra.

A primeira coisa que os colonos perceberam foi a dificuldade em estabelecer contato com as populações locais, com suas línguas e costumes próprios. A segunda foi que Noverra era ainda mais assolada por monstros e pelo sobrenatural do que os velhos reinos jamais foram. Parecia um mundo jovem, recém-emerso das águas, onde tudo era cheio de vida e a magia estava em toda parte.

Em um lugar onde os reis ainda não possuíam poder o suficiente para garantir a segurança de seus súditos, a ocupação de aventureiros independentes renasceu, em todo o seu esplendor. Lá, eles eram heróis mais uma vez. Em Noverra, teve início uma nova era de ouro para a aventura.


Capítulo 1 - Piloto

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Temporada Primavera 2015 - Primeiras Impressões pt2


Continuação deste post.
---------------------------------------------------------------------------

Hibike! Euphonium


Gêneros: Musical, Escolar, Slice of Life.
Fonte: Light Novel.
Estúdio: Kyoto Animation.
Diretor: Tatsuya Ashihara.

Tudo começa quando Kumiko Oumae, uma garota que fazia parte da banda de metais de sua escola anterior, visita o clube de metais da escola nova como aluna do primeiro ano do ensino médio. Hazuki e Sapphire, colegas de classe de Kumiko, decidem entrar nesse clube, mas ao ver Reina lá, Kumiko hesita. Ela se lembra de um incidente que teve com Reina no concurso de bandas na escola anterior…


Um anime simples, bonito e singelo. A arte e animação são bem feitas e a trilha sonora é muito boa - como é de se esperar em um anime sobre música. Algumas das personagens que foram introduzidas são ligeiramente exageradas e cartunescas em suas reações, mas a protagonista em si é bastante crível e carismática. Em especial, o que me causou uma impressão positiva do anime foi o ritmo calmo e bem cadenciado.

Não é um anime para todos (imagino que algumas pessoas achariam chato ou desinteressante), mas certamente é bem executado.
---------------------------------------------------------------------------

Dungeon ni Deai o Motomeru no wa Machigatteiru Darou ka?


Gêneros: Ação, Aventura, Comédia, Fantasia, Romance.
Fonte: Light Novel.
Estúdio: J.C. Staff.
Diretor: Yoshiki Yamakawa.

A história se passa na cidade de labirintos Orario, também conhecida como “Dungeon”. Bell Cranel é um aventureiro novato que sonha em ter “um fatídico encontro com uma pessoa do sexo oposto”. Um dia, durante uma missão, ele é atacado por um minotauro! Prestes a morrer, ele é salvo por uma aventureira de classe superior chamada Aizu Wallenstein. Cranel se apaixona por ela no mesmo instante e parte para uma jornada a fim de se tornar um aventureiro do mesmo nível dela. Ele então conhece Hestia, uma divindade conhecida como “Deusa Lolita” por causa de sua baixa estatura e que, fatidicamente, se apaixona por Cranel.


Um anime bonito, que me lembrou bastante meu querido jogo RagnaröK, tanto em design de personagens quanto na construção do mundo de fantasia. Eu realmente queria gostar, mas a narrativa me deu dor no pâncreas. É muito clichê empilhado: o protagonista é um panaca que quer ficar mais forte para conquistar uma garota, e todos os outros personagens introduzidos são garotas que correspondem aos diferentes estereótipos do gênero harém. A pior é justamente a que mais aparece, uma lolita insuportavelmente irritante.

Além da falta de originalidade e dos clichês, a narrativa em si é mal executada. Em um momento importante do episódio, um personagem cria um diálogo completamente inverossímil e sem sentido, só porque o roteiro precisa fabricar de alguma maneira uma emoção no protagonista.

O anime é simpático, mas vacila. Não consegui  gostar.
---------------------------------------------------------------------------

Plastic Memories


Gêneros: Ficção Científica.
Fonte: Original.
Estúdio: Dogo Kobo.
Diretor: Yoshiwaki Fujiwara.

Esta história se passa em um futuro não muito distante de agora, quando androides com perfeita aparência humana começam a se espalhar pela face da Terra. A fabricante de androides AS Corp. faz Giftia, um novo tipo de androide totalmente inovador e superior aos antigos e que possui uma quantidade maior de emoções e qualidades semelhantes às humanas. No entanto, esses novos androides têm uma vida útil e uma vez que esta acabe, eles ficam… um tanto quanto ruins. Por esta razão a SA Corp criou também um serviço terminar para recuperar os androides de modelo Giftia com a vida útil já esgotada. É quando um novo funcionário, Tsukasa Mizugaki, forma uma equipe encarregada de recuperar esses androides, mas…


A premissa de ficção científica é muito interessante, mas podia ter sido um pouco melhor executada. Os personagens são clichê e cartunescos, e seu design é ridiculamente exagerado. Apesar de ter seus momentos engraçados, a temática teria funcionado bem melhor com um clima mais sério.

Mas a premissa é realmente boa. E, no final do primeiro episódio, eles provam que podem tratar o assunto com a dramaticidade que ele merece. Então talvez valha a pena assistir, apesar dos pesares.
---------------------------------------------------------------------------

Kekkai Sensen


Gêneros: Ação, Aventura, Fantasia, Sobrenatural, Vampirismo.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Bones.
Diretor: Rie Matsumoto.

Uma ruptura entre Terra e Submundo foi aberta sobre a cidade de Nova York, prendendo os habitantes da cidade e também as criaturas de outras dimensões em uma bolha impenetrável. Eles vivem juntos por anos, em um mundo de crimes e loucura. Mas agora alguém ameaça romper essa bolha um grupo de super-humanos cheio de estilo e força vai trabalhar duro para que isso não aconteça.


Os aspectos técnicos são muito bem feitos - especialmente a trilha sonora, mas animação e design de cenário não ficam atrás. O problema é o resto. Os personagens mal foram introduzidos e as regras da trama são confusas e não foram explicadas. A impressão final é de um anime genérico, com personagens genéricos usando poderes com nomes genéricos.
---------------------------------------------------------------------------

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Temporada Primavera 2015 - Primeiras Impressões pt1


A Primavera chegou ao Japão. Se para eles esta época do ano tem uma série de significados centenários (flores de cerejeira e tudo o mais), para mim significa uma coisa: uma nova safra de animes recém saídos do forno para eu assistir e analisar.
---------------------------------------------------------------------------

Arslan Senki


Gêneros: Ação, Aventura.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Liden Films.
Diretor: Noriyuki Abe.

A cidade imperial de Ecbatana é o centro que liga o leste ao oeste, o lugar para onde vão as pessoas e materiais de todas as regiões, a detentora de uma magnífica e rica cultura, a capital do poderoso Reino de Pars.

Arslan é o jovem príncipe que está destinado a governar este país, a liderar o seu povo, e parte com sua honorável cavalaria para a frente da batalha, formando uma nuvem de poeira no horizonte. Enquanto isso, Lusitania, o país pobre e de ideais religiosos diferentes localizado no noroeste, também parte para a guerra a fim de conquistar novas terras e tomar para si a fartura de Pars.

Pela primeira vez nas linhas de frente, Arslan está inseguro e teme, mas seu mundo desaba de fato quando seu invencível pai, o rei Andragolas III, e suas tropas acabam sendo subjugadas pela estratégia inimiga.

Arslan e o nobre cavaleiro Darun partem então para a batalha, rumo ao cruel destino. E entre a tormenta de uma nova realidade, Arslan dá seu primeiro passo como príncipe, sempre acompanhado de seus leais companheiros.


O que promete ser um épico medieval nos moldes clássicos, este anime é baseado em um mangá, adaptado a partir de uma série de livros por ninguém menos que a grande mangaká Hiromu Arakawa, autora de Fullmetal Alchemist. Só por esse nome, já vale a pena dar uma conferida.

Nos aspectos técnicos, é um anime de qualidade. O design de personagens tem as marcas claras da mão da Arakawa, o que ao meu ver é uma qualidade, embora acabe me fazendo lembrar de FMA e Hero Tales de vez em quando. O design das locações é especialmente bom, conseguindo evocar ares árabes, mas com uma identidade própria. Só a animação é mediana, e em alguns momentos utiliza um CGI gratuito e mal feito.

Em termos de história, o primeiro episódio foi apenas de apresentações. Há uma narração inicial, mas durante o resto do episódio o cenário é apresentado de forma bastante natural, sem diálogos expositivos forçados (o que é um alívio em se tratando de animes). O mesmo vale para os personagens, introduzidos bastante espontaneamente. O enredo em si foi apenas levemente arranhado, mas parece que vai incluir a temática de choque cultural; o que, se bem trabalhado, é bem interessante.

Se o anime continuar evitando diálogos expositivos baratos, já é meio caminho andado para eu gostar.
---------------------------------------------------------------------------

Triage X


Gêneros: Ação, Escolar.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Xebec.
Diretor: Takao Kato.

O Hospital Geral Mochizuki tem as mais bem preparadas (e turbinadas) enfermeiras da cidade. Embora essas moças passem a maior parte do dia lutando contra doenças, todo seu tempo fora do trabalho também é gasto dessa forma, lutando contra um tipo diferente de doença… Sob a liderança da diretoria do hospital, muitos membros da equipe médica e adolescentes da região formam um grupo de assassinos mercenários que têm como alvo aqueles que fazem mal à sociedade, as pessoas que espalham sua maldade como um câncer por entre os homens.


Decidi conferir este anime só porque o mangá de origem está sendo publicado aqui no Brasil pela Panini, e eu estou colecionando. É uma espécie de guilty pleasure meu; um mangá de ação "idiota" e com pouca profundidade, mas que o autor (Shouji Sato, ilustrador de Highschool of the Dead) recheia de mulheres, armas de fogo e motocicletas. Três coisas que eu adoro.


Quanto ao anime em si, é uma adaptação fiel, apenas levemente suavizada, do mangá. A animação é barata, os demais aspectos técnicos também não são especialmente primorosos. O anime é válido para quem gosta de ação desenfreada, salpicada de ecchi. Mas não passa disso.

---------------------------------------------------------------------------

Ore Monogatari




Gêneros: Comédia, Romance, Shoujo.

Fonte: Mangá.
Estúdio: Madhouse.
Diretor: Morio Asaka.

Takeo Gouda é um cara enorme com coração igualmente gigante. Mas nenhuma garota quer saber dele (quem elas querem é seu melhor amigo, o bonitão Sunakawa). Acostumado a ser deixado de lado, Takeo simplesmente aceita seu destino. Até que, um dia, quando ele salva uma garota chamada Yamato de um desses tarados num trem, sua vida (amorosa!) toma um rumo inacreditável!


Toda temporada tem no mínimo um bom anime de romance para eu assistir até o fim, e agora parece que será esse. Me cativou desde a sinopse.

Nos aspectos técnicos, é um anime bem feito, mas que não se destaca; a única coisa que chama atenção é o design de personagem do protagonista. Já a narrativa é excelente, com a premissa básica de ter um protagonista completamente diferente dos protagonistas de romance normais. Como o primeiro episódio apresentou apenas três personagens, eles puderam receber foco total e ser muito bem introduzidos. Os três são carismáticos - até mesmo o amigo do protagonista, que é um clichê japonês de "garoto atraente que está sempre sério e dispensa as garotas". Mas é o protagonista em si, Takeo, que rouba a cena, como não poderia deixar de ser.

O anime fala essencialmente sobre preconceito e sobre uma pessoa que não se encaixa nos padrões de beleza e atração da sociedade. Além disso, conseguiu já no primeiro episódio abordar uma das questões clássicas ligadas ao machismo. Altas expectativas para Ore Monogatari.
---------------------------------------------------------------------------

Kyoukai no Rinne



Gêneros: Comédia, Romance, Escolar, Shounen, Sobrenatural.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Brains Base.
Diretor: Seiki Sugawa.

Quando criança Sakura Mamiya desapareceu misteriosamente na floresta atrás da casa de sua avó. Ela volta sã e salva, mas desde então ela passa enxergar espíritos. Agora adolescente, Sakura só quer que os espíritos a deixem em paz! Na escola, o lugar ao lado do de Sakura está vazio desde o início do ano letivo. Até que, certo dia, o dono desse lugar finalmente aparece na escola, mas Rinne Rokudo é bem mais do que aparenta ser.


Confesso que não esperava nada deste anime, e só resolvi conferir porque o mangá original é de autoria da Rumiko Takahashi, autora de Ranma e Inu Yasha. Mas ele acabou sendo melhor do que eu imaginava, com um humor bastante suave e personagens carismáticos.

Não sei se continuarei assistindo, porque já assisti muitos animes parecidos, e já estou enjoado deste gênero. Mas, para quem quiser um anime leve, com ação e humor, este é um dos melhores que vi ultimamente.
---------------------------------------------------------------------------

Punch Line




Gêneros: Comédia, Slice of life.

Fonte: Original.
Estúdio: Mappa.
Diretor: Yutaka Uemura.

O colegial Yuuta Iridatsu sofreu uma “projeção astral”, ou seja, teve sua alma separada de seu corpo. Ao acordar em uma mansão chamada Koraikan, ele encontra o espírito de um gato chamado Chiranosuke, que diz que ele deve encontrar o Tome Sagrado de Koraikan para voltar ao seu corpo físico. Procurando pelos corredores de Koraikan, Yuuta acaba esbarrando com as calcinhas das moradoras da mansão, fato que pode causar um grande problema ao planeta Terra.


À primeira vista, parece um anime de ação intensa bastante colorido, buscando o público carente de Kill la Kill e Tengen Toppa Gurren Lagann. Mas, na verdade, é uma comédia transbordando de ecchi, com apenas uma cena de ação (razoável) no início.

Eu tinha boas esperanças quanto a este anime, principalmente por causa da estética. E os aspectos técnicos realmente não desapontam. O (grande) problema é a narrativa. Depois de uma primeira cena interessante, o primeiro episódio derramou uma tonelada de informação diferente, tudo através da boca de um personagem-diálogo-expositivo, a técnica mais velha e barata na cartilha. E, mesmo sendo EXTREMAMENTE expositivo, não dá para entender nada.

Resumindo: uma salada de elementos mal amarrados - poderes extraídos do ecchi (cópia de Kenzen Robo Daimidaler?), fantasmas, livro místico, heroína secreta - muito mal explicados e com um ritmo ruim. Ao menos a "capa" é bonita.
---------------------------------------------------------------------------

Vou encerrar este primeiro post por aqui, mas já tenho mais algumas estreias para assistir e analisar em breve.

Edit: Parte 2 aqui.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A Música e a Construção da Juventude


Como vários de meus outros textos, este surgiu como um trabalho de faculdade; neste caso, da disciplina de Psicologia da Educação. O trabalho proposto era em grupo, de tema livre, e com o objetivo de relacionar psicologia e juventude. Meu grupo decidiu fazer um recorte ao redor do tema música, então eu tomei para mim a função de escrever um pequeno artigo mais geral, relacionando os conceitos de música, juventude e psicologia; dando aos outros membros liberdade para escolher recortes mais específicos.

Fazendo uma releitura do trabalho agora, percebi que acabei tendo que usar um linguajar ligeiramente rebuscado em alguns pontos. Mas irei reescrever; ao invés disso, se algum leitor achar algo difícil e confuso, terei o maior prazer de explicar e clarificar nos comentários ou redes sociais. Acho este método mais didático.

Sem mais delongas, o artigo em si:
---------------------------------------------------------------------------

1. Introdução 

O presente artigo tem como objetivo abordar, de forma sucinta, a relação entre a música e a construção da categoria social chamada juventude. Pretendo cobrir dois olhares: um mais geral, sobre o fenômeno psicológico da adolescência em todas as gerações, e um exemplo específico, do momento histórico em que esta categoria social ganhou reconhecimento na cultura de massa ocidental. Vou ainda refletir brevemente sobre por que a música tem um suposto protagonismo na formação da identidade dos jovens. 


2. Definições de Juventude 

Seria impossível cobrir aqui todas as problemáticas e discussões acadêmicas a respeito da juventude – como, por exemplo, a oposição entre a adolescência como um período de maturação das relações sociais (Helena Abramo), e a visão de Dayrell, que enxerga esta fase como um momento de construção (não maturação), mais profunda que um simples “fase de passagem”. 

Vou começar, então, focando em uma problemática específica: a juventude seria - como afirma a maior parte da psicologia – uma categoria natural, posteriormente classificada; ou - como defende uma grande parcela dos historiadores – uma categoria socialmente construída pela cultura de massa e pelo mercado? 

Começo esta discussão com uma citação ilustrativa: 

“Nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, caçoa da autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem a seus pais e são simplesmente maus.” 

Sócrates, século V aC.


Com o perdão dos colegas historiadores, me parece evidente (não apenas por esta citação ilustrativa, mas também por exemplos mais concretos) que o choque cultural entre gerações é um fenômeno social antigo e sempre presente, até arquetípico (seguindo a teoria de arquétipos de Jung). E este choque pressupõe a existência de (ao menos) duas categorias sociais distintas e agrupadas etariamente, assim adultos e jovens.

Trabalho então com a seguinte definição de juventude: uma categoria social, etariamente agrupada, criada pelo impacto social das transformações biológicas ocorridas durante a puberdade, e parte de um longo processo de construção de identidade.


3. O Surgimento Histórico da Juventude

Se os anseios e descontentamentos dos jovens parecem ser tão antigos quanto a própria civilização, o reconhecimento destes como um grupo próprio é recente e bem documentado. Até fins do século XIX e início do século XX, esperava-se que o indivíduo passasse diretamente da infância para a vida adulta, já com todas as suas expectativas e responsabilidades; no caso das garotas, com a primeira menstruação, e no caso dos garotos, com ritos de passagem, como o bar mitzva judeu e a crisma católica.

Apenas em 1898, o termo adolescent (que deu origem ao português adolescente, mas poderia ter sido traduzido como adultescente, alguém que está virando adulto) foi cunhado pelo psiquiatra norte-americano Granville Stanley Hall. No entanto, os usos do termo e do conceito ficaram quase restritos aos psicólogos durante as primeiras décadas do século XX. As exceções foram os movimentos militarizantes da juventude - como o escotismo, criado pelo tenente veterano inglês Robert Baden-Powell em 1908 e a Juventude Hitlerista da Alemanha Nazista.

Mas foi nos Estados Unidos pós Segunda Guerra que a juventude ganhou a cultura de massa. Com o boom econômico vivido pelos EUA neste momento, os jovens começaram a ocupar as fartas vagas de emprego oferecidas e a ter poder aquisitivo próprio. Uma consequência foi a maior independência deles de seus pais, o que acirrou o choque de gerações. Outra foi que a indústria do entretenimento enxergou nesta nova categoria um novo mercado consumidor, e inundou o mercado cultural com produtos direcionados a este público.

Em 1947 foi lançada para o público jovem feminino a revista Seventeen, que cunhou o termo teen (até hoje o termo mais comum para designar adolescentes em língua inglesa) a partir da terminação dos nomes dos números 13 a 19 em inglês. Em 1951 foi publicado o polêmico romance Apanhador no Campo de Centeio (Catcher in the Rye), de J D Salinger; primeiro best-seller com um protagonista adolescente. Atores como Marlon Brando (Um Bonde Chamado Desejo, 1951, e O Selvagem, 1953) e James Dean (Juventude Transviada, 1955) representaram este movimento no cinema. Na moda, a camiseta (até então considerada roupa de baixo) e a calça jeans (associada aos cowboys e operários) se tornaram o uniforme da juventude.

Mas nenhuma manifestação cultural marcou tanto a emergente identidade jovem quanto o Rock n’ Roll. Artistas como Bill Haley, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Chuck Berry, Bo Diddley, Little Richard e Elvis Presley criaram um gênero musical que levou o embalo dos artistas negros para os jovens brancos de classe média – e que era um gosto, mais que todos os outros, exclusivo dos jovens.


4. O Protagonismo Musica

Por que é seguro afirmar que a música teve um protagonismo na criação da identidade jovem, frente às outras manifestações culturais? Os números do mercado da época nos permitem afirmar isso com facilidade, mas vale gastar um tempo tentando entender os motivos por trás disso.

Primeiramente e mais óbvio, a enorme acessibilidade da música, em uma época em que, apesar da televisão estar começando a se popularizar, o rádio ainda ocupava lugar central dentro das residências e estabelecimentos comerciais. Soma-se a isso o fato de que as pessoas em geral consideram mais fácil e cômodo escutar que ler.

Mas existem causas cognitivas, mais complexas, que explicam o alto poder de mensagem da música. A música transmite mensagem tanto de formas verbais quanto não-verbais. Mecanismos narrativos como a rima, o cadenciamento e a repetição (refrão) são antigos e auxiliam a memorização e a repetição da letra, o componente verbal. Já o ritmo - além de facilmente memoriável e reproduzível - é o mecanismo que une a comunicação verbal da letra, a não-verbal da melodia e a não-verbal da expressão corporal (através da dança, por exemplo mas não exclusivamente).

Ou seja, são muitas formas de comunicação diferentes e todas muito acessíveis contidas em uma simples canção, o que dá a música seu alto poder de mensagem.


5. Conclusão

Ainda que “inventada” racionalmente dentro de um contexto histórico bastante específico, a juventude é e sempre foi uma categoria social inserida no desenvolvimento do indivíduo, e que por excelência tende a colocá-lo em conflito com as gerações anteriores. Se este conflito é uma mensagem, nenhuma mídia tem mais poder para propagá-la que a música.

Do ponto de vista da Psicologia da Educação, compreender o papel da música na identidade do jovem pode ajudar o professor a se aproximar dele, o que facilita a comunicação entre estes dois indivíduos que fazem parte de grupos bem distintos.


6. Bibliografia

MED, Bohumil – Teoria da Música.

MOREIRA, Jacqueline; ROSÁRIO, Ângela; SANTOS, Alessandro - Juventude e adolescência: considerações preliminares. – 2011.

MOURA, Auro Sanson – Música e Construção de Identidade na Juventude: O jovem, suas músicas e relações sociais. – 2009.

OLIVEIRA, Vilmar Pereira de – A Influência do Gosto Musical no Processo de Construção de Identidade na Juventude. – 2012.

SAVAGE, Jon - Teenage: The Creation of Youth Culture. – 2007.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Temporada Inverno 2015 - Primeiras Impressões


Refazendo a explicação que eu me forço a fazer quatro vezes por ano (porque né, nunca se sabe): as estreias de animes no Japão são lançadas sempre em grandes blocos que acompanham as quatro estações do ano.

Assim, eu sempre (menos na temporada passada, por falta de tempo) assisto a maior quantidade possível de estreias, e escrevo uns dois posts com as minhas Primeiras Impressões aqui para o blog.

Lembrando que eu sempre me oriento pelo Guia Completo do Gyabbo, o melhor que eu conheço em língua portuguesa.
---------------------------------------------------------------------------

Junketsu no Maria



Gêneros: HistóricoFantasia.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Production IG.
Diretor: Goro Taniguchi.

A história é sobre Maria, a bruxa mais poderosa da época da guerra dos Cem Anos na França. Ela odeia guerra, então ela atrapalha as batalhas usando seus poderes mágicos. Ela, sua succubus Artemis e incubus Priapos começam a chamar a atenção dos céus, então o Arcanjo Miguel intervem. Ele decreta que, quando Maria perder sua virgindade, também perderá seus poderes. Enquanto isso, um lindo anjo chamado Ezequiel é encarregado de cuidar para que Maria não use magia na frente dos outros, mas ela continua usando.


Começando com o melhor, esse anime tem tudo para ser o melhor da temporada. Não se destaca nem inova nos aspectos técnicos, mas é eficiente e apresenta uma ótima trilha sonora. Na parte histórica, dá uma aula a Hollywood. Roupas, cenários, representação de batalha e até a tensão entre a aceitação das heresias e sua condenação pela Igreja Católica, tudo surpreendentemente consistente com a realidade. Para um estudante de História Medieval como eu, foi de chorar.

Mas o anime não pára por aí. A protagonista, Maria, é cativante e bem construída, com suas dúvidas e inseguranças de puberdade, e ao mesmo tempo um discurso de empoderamento feminino que é raríssimo de se ver numa sociedade machista como a japonesa. Até o ecchi é bem encaixado e engraçado, não jogado como em muitos animes.

Se o resto do anime entregar o que o primeiro episódio promete, ela será inesquecível.
---------------------------------------------------------------------------

Binan Koukou Chikyuboueibu LOVE!


Gêneros: Comédia, Magia, Slice of Life.
Fonte: Original.
Estúdio: Diomedea.
Diretor: Shinji Takamatsu.

A história se passa entre os cinco alunos do Clube da Defesa (ou “um clube para não fazer nada”) do Colégio Binan. Duas misteriosas criaturas chegam do espaço sideral. Uma, um combate rosa, fica com o Clube da Defesa e a outra fica com o Clube da Conquista (Conselho Estudantil). Por conta disso, os dois clubes têm que lutar para saber quem sentará no trono dos Combatentes Apaixonados.


Um mahou shoujo, no melhor estilo Sailor Moon, só que com garotos. Parece uma boa ideia para um anime de comédia escrachada, e eu tinha esperanças de que fosse ser bom. Mas não é muito engraçado. Poucas piadas funcionam, e os personagens já são femininos demais para que a transformação tenha qualquer valor cômico. Não chegou a ser uma experiência dolorosa de assistir, mas também não dá muita vontade de continuar.
---------------------------------------------------------------------------

Assassination Classroom


Gêneros: Comédia, Escolar, Ação, Slice of Life.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Lerche.
Diretor: Seiji Kishi.

Os alunos da turma 3-E têm uma missão: matar seu professor antes da formatura. Ele já destruiu a Lua e prometeu destruir a Terra se não for morto dentro de um ano. Mas como essa turma de desajustados conseguirá matar um monstro de tentáculos, capaz de alcançar a velocidade Mach 20 e que, ainda por cima, consegue ser o melhor professor que qualquer um deles já teve?



Com essa sinopse insana, parece ser um anime de comédia bem nonsense. E não deixa de ser. Mas o primeiro episódio sugere algo mais elaborado e profundo, com real desenvolvimento de personagem. Ao menos o mangá (que, aliás, está sendo publicado aqui no Brasil) é bastante reconhecido e aclamado, o que me faz ter boas expectativas quanto ao anime.
---------------------------------------------------------------------------

Yuri Kuma Arashi


Gêneros: Fantasia, Romance.
Fonte: Mangá.
Estúdio: Silver Link.
Diretor: Ikuhara Kunihiko.

Uma “fantasia intelectual” sobre Kureha, uma colegial “transparente” que sequer é notada pelos outros. Toda noite ela tem um sonho sobre “um urso e uma tempestade transparente”. Neste sonho, seu misterioso colega de sala Ginko Yurishiro aparece em forma de urso.


Uma merda. Próximo!

*suspiro* Tá, acho que posso ser mais específico.

Primeiro vou explicar melhor o plot, porque a sinopse oficial é péssima. Existe uma muralha (rosa e com estampa de patinhas ¬¬') que divide o mundo entre humanos e ursos. E aí duas ursas assumem forma humana (de garotas fofinhas) e se infiltram em uma escola só para garotas (todas fofinhas - aparentemente não existem homens nem gente feia nesse mundo). E começam a devorar algumas garotas (eu acho; foi difícil assistir isso até o fim).

Pra ser justo, a arte e a trilha sonora são razoavelmente boas. E só. Não tem roteiro nem conflito, as personagens são vazias, o ritmo é arrastado. Talvez valha a pena ver as cenas de yuri, caso você goste, e só.
---------------------------------------------------------------------------

Death Parade


Gêneros: Horror, Psicológico.
Fonte: Original.
Estúdio: Madhouse.
Diretor: Yuzuru Tachikawa.

“Bem-vindos ao Queen Dekim” Dois visitantes chegam ao estranho bar Queen Dekim e são recebidos pelo barman de cabelo branco, Dekim. “Daqui em diante vocês devem começar uma batalha onde suas vidas estão na balança,” ele diz para apresentar o Death Game. A verdadeira natureza dos visitantes aparece e, conforme o jogo segue, Dekim se revela como árbitro do jogo. O julgamento de Dekim para aqueles dois estranhos é…


A sinopse oficial, novamente mal feita, leva a crer que é uma espécie de Battle Royale genérico, ou então o tipo de anime poser sangrento que agrada a moleques de 13 anos fãs de Jogos Mortais. Mas o primeiro episódio foi realmente bom, principalmente em relação ao ritmo. Com apenas três personagens interagindo dentro de uma sala fechada, seria fácil o episódio parecer arrastado, mas ele conseguiu manter a tensão até o final.

Na parte técnica, tudo foi eficiente e condizente com o clima, mas pouco impressionante. Só a abertura me chamou um pouco mais a atenção.
---------------------------------------------------------------------------

Por enquanto, vou encerrar por aqui. Em breve eu volto com mais algumas Primeiras Impressões de animes que parecerem interessantes.

De longe, o anime que mais me impressionou até agora foi Junketsu no Maria. E, a julgar pelas sinopses e trailers do resto da temporada, não acho que nada vá superá-lo. Veremos.

EDIT: Essa foi realmente uma temporada fraca. Não consegui encontrar mais nada digno de nota, e, dos que resenhei aqui, só continuei a assistir Junketsu no Maria. Em compensação, este é espetacular.