sábado, 4 de julho de 2015

Profissão AVENTURA - Piloto


Para entender do que se trata e ler a sinopse, clique aqui.
----------

Esteban se afastou dos outros meninos pisando firme, apesar de seus pés afundarem e derraparem no terreno lamacento. Estava irritado. Furioso, para falar a verdade. Primeiro, eles haviam tentado deixá-lo para trás naquela caminhada até o brejo. Agora, zombavam abertamente dele. Disseram que ele não conseguiria pegar sequer um sapo, nem se o bicho dançasse sobre a cabeça dele. E a única resposta que ele conseguiu dar foi um desajeitado “sapos não dançam”.

Mas ele mostraria àqueles invejosos. Ia fazer o que nenhum deles tivera coragem de fazer: desobedecer aos adultos, se afastar da margem e ir até o meio do brejo. Com certeza havia muito mais sapos lá. Centenas deles, pulando para cima e para baixo. Ia voltar com um saco transbordando de sapos, e esfregar na cara dos outros. Eles iam ter que engolir suas palavras.

Com a cabeça quente demais para efetivamente procurar por qualquer coisa, Esteban decidiu simplesmente continuar andando por alguns minutos, que logo se transformaram em meia hora. Ou uma hora inteira. Estava ensaiando pela décima vez o que falaria frente os rostos de admiração dos outros quando se deu conta que estava pisando em terreno seco. Mas não parecia ser o final do brejo, apenas um pedaço mais elevado, como uma ilha. Havia uma árvore crescendo ali, e algumas rochas grandes. Seria o local perfeito de onde partir para procurar os sapos ao redor.

Explorando sua nova base secreta particular, Esteban encontrou uma grande fenda no chão, e foi imediatamente atraído por ela. Não saberia explicar o porquê, mas aquela fenda varreu todos os pensamentos sobre os sapos ou os outros garotos de sua cabeça. Deitou-se de barriga no chão, tentando espiar lá dentro, mas não era possível ver muita coisa no meio das sombras. Perdeu noção de quanto tempo passou ali, preso entre a vontade e o medo de descer.

Até que outra coisa decidiu por ele. A terra sob seu corpo se soltou, e ele se sentiu escorregar para dentro do buraco. No momento seguinte, estava estatelado de costas lá no fundo. Todo o ar foi expelido de seus pulmões e sua cabeça atingiu o chão, fazendo-o enxergar luzes e borrões coloridos na frente dos olhos. Tentou gritar, mas só conseguiu emitir um gemido baixo.

Apavorado, Esteban escutou um zumbido agudo ecoando à sua direita. Virando a cabeça com toda a dificuldade do mundo, viu um túnel escavado artificialmente a partir do fundo daquela fenda natural. Não sabia se era uma peça pregada por sua cabeça – que doía como se houvesse sido acertada por uma martelada – mas pensou ter visto uma sombra se movendo no final daquele túnel.

-----------------------------------
-----------------------------------